quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Concurso de Redação sobre a Consciência Negra

Galera, estou participando de um concurso de redação com o texto abaixo sobre "A Importância da Consciência Negra na Promoção da Cidadania."

Prestigiem meu trabalho com seu voto. Basta cadastrar-se no site abaixo e votar.

Desde já agradeço imensamente sua participação!

Alberto Roberto Costa


http://ifaaje.com.br/index.php?url=concurso||votacao||



A IMPORTÂNCIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA NA PROMOÇÃO DA
CIDADANIA
Acarajé é um bolinho feito com feijão fradinho, temperado com cebola e
camarão e frito no azeite-de-dendê. No espaço sagrado afro-brasileiro, é oferecido
para Iansã, orixá dos raios, ventos e tempestades. No espaço profano, é vendido nas ruas
com recheios que levam pimenta, vatapá, caruru, tomate, cebola e camarão combinados
ao gosto do cliente.
Há poucos dias antes da comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra
de 2012, uma polêmica correu as ruas anunciando que a FIFA havia proibido a venda
do acarajé num raio de dois quilômetros do estádio Fonte Nova em Salvador nos jogos
da Copa de 2014. Porém, a rede de lanchonetes MC Donald’s, patrocinadora dos jogos,
venderá seus sanduíches sem ser incomodada pelo Estado.
Com a pressão do Movimento Negro Unificado, a FIFA teve que voltar atrás e
lançar uma nota esclarecendo que a venda do acarajé será permitida alegando que
tratava-se de um boato.  Sendo boato ou não, a polêmica  revela um dos inúmeros
movimentos de resistência da cultura afro-brasileira, além de ser um prato cheio para
qualquer professor que queira discutir com seus alunos a importância da Consciência
Negra na promoção da cidadania.
O desenvolvimento de um trabalho sério com a lei federal 10.639/2003 vai além
do ensino linear e factual da História e Cultura Africana e Afro-brasileira, pois exige
demonstrar a dinâmica da história da opressão e das lutas contra os opressores com
exemplos vivos que ainda são presentes nos nossos dias atuais.
A dominação não cessou com a abolição da escravatura. Ela ainda nos prende e
usa seus grilhões  reconfigurados em novas formas de poder. Mostrar uma baiana,
sentada na esquina da praça vendendo seu acarajé como um ato de resistência requer
conhecer que este prato afro tem uma história e uma ancestralidade que foram negadas
ao povo negro durante séculos no Brasil.
Hoje, nas estratégias de domínio pós-colonial, invadir o território é algo
considerado ultrapassado. A dominação requer a destruição das culturas locais, pois
estas representam as resistências contra o pós-colonialismo. A imposição cultural dos
países dominantes se faz através da língua, da culinária, da produção artística que inclui cinema, moda, música e outros elementos culturais.  A imposição cultural afasta as
novas gerações das suas próprias raízes ao apresentar referenciais que não promovem
sua cidadania.
Despertar a Consciência Negra é apresentar aos alunos referenciais da cultura
afro-brasileira que lutam contra as injustiças, que defendem sua própria cultura como
forma de preservar suas identidades. É uma forma de se posicionar diante da dinâmica
do  poder mundial. Uma criança que cresce ouvindo as histórias sobre seus ancestrais
que lutaram contra este processo dominador terá outras atitudes na vida.
A discussão sobre  Consciência Negra deve ser feita não somente no dia que
marca a morte de Zumbi. Ela deve ser trabalhada em sala de aula todos os dias do ano
no desenvolvimento de projetos que busquem a superação da mera  folclorização da
cultura negra, afinal, os ataques ao povo afrodescendente não acontecem somente no dia
20 de novembro.
Uma das coisas que nunca vou me esquecer é o olhar de indignação de um aluno
de 11 anos, que ao ouvir a proibição da FIFA disse: “Zumbi libertou escravos. Nós
vamos libertar as baianas do MC Donald’s comprando agora só acarajé.”